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Uma história com todos os ingredientes de um bom filme, ou quem sabe até um folhetim, onde o forró é a trilha sonora.

Waldonys: sanfoneiro, cantor, compositor, empresário, aviador, entre tantos talentos, uma outra face ganha destaque, a de contador de causos. O músico abriu as portas de seu estúdio e recebeu a nossa equipe para nos falar a trajetória recheada de histórias cheias do humor sabendo envolver o ouvinte, deixando-o atento e ávido pelo desfecho de suas aventuras, onde grandes nomes da música são personagens que se destacam, mas jamais roubam a cena ou ofuscam o brilho do protagonista.

São inúmeros encontros e grandes parcerias. Uma delas marcou para sempre a vida e a trajetória de Waldonys. O primeiro encontro foi com Dominguinhos, que, encantado com o talento do menino prodígio, logo o apresentou a Luiz Gonzaga. Dos mestres, Waldonys recebeu as bênçãos e a herança de levar adiante o forró. O desafio de manter a chama do gênero acesa, preservando suas raízes, mas aberto às novas criações.

Numa conversa franca e descontraída Waldonys fala do início, quando venceu a timidez e pegou escondido o instrumento de Seu Eurides escondido. O pai em de “ralhar” com o filho, ficou muito orgulhoso e desde então passou a ser seu grande incentivador.

Durante a entrevista, Waldonys relembra as primeiras apresentações, as primeiras participações em programas de televisão, o tempo em que viveu nos Estados Unidos e toda trajetória. Fala da sua relação com a política e com Fortaleza, de sua obsessão pela aviação e as peripécias já vividas em nome dessa paixão.

Waldonys nos recebeu na casa onde cresceu na Parquêlandia, onde ainda residem seus pais. A construção não guarda mais a mesma estrutura do tempo de infância, mas ali estão guardadas fotos, discos, publicações, instrumentos e diversos objetos de recordações, tudo colecionado por Dona Joana Darc, mãe do sanfoneiro. Um acervo que conta a história do artista, esse cearense que já entrou para história da arte e da cultura. Ao final desse bate papo veremos que não foi Waldonys que escolheu a música, mas a música que escolheu o sanfoneiro.

Antes da entrevista nos reunimos na Praça da Igreja Redonda e acompanhamos o inicio da Via Sacra.

Foto: Jefferson

Entrevista com Waldonys

Mávio– Para a gente começar, a gente sempre fica curioso, porque você começou desde cedo, desde criança e uma curiosidade que me veio à cabeça foi que se a descoberta de tocar sanfona e descoberta da música foi mais uma coisa intuitiva de criança, se foi mesmo brincando ou se naquela época você já tinha noção que era esse caminho que queria seguir. Para você começar a falar da sua história.

Waldonys– Rapaz, foi assim, eu acho que se eu não fosse músico, se eu não fosse artista, eu seria alguma coisa ligado à música, um produtor, não sei. Eu não me vejo fazendo outra coisa, nunca fiz outra coisa. Uma vez me fizeram uma pergunta, a televisão fez uma matéria e perguntou: seu primeiro emprego foi em que? Olha, mas eu nunca fiz outra coisa, nunca tive outro emprego. Então assim, a música é um dom divino, que vem lá de cima, às vezes você encontra pessoas autodidatas, que nunca frequentaram um conservatório, que não sabe nada de teoria musical, e que é um musico espetacular. E assim, respondendo a tua pergunta, é, além desse dom eu sempre convivia com a sanfona. Eu vivia entre sanfoneiro, por conta do pai (Seu Eurides), que toca e tal. Então assim, eu comecei por conta de um grupo que meu pai tinha e ele ensaiava todos os dias, era um grupo de brincadeira. O estúdio era aquele dalí (aponta para um quadro), aquela foi a minha primeira sanfona que eu ganhei.

Mávio– E aquele estúdio já era aqui?

Waldonys– Era, era (enfático), esse estúdio era aqui, mas é que isso é assim, aqui era outra casa, e aquele estúdio era no chão e bem menorzinho. E a casa foi derrubada, comprou mais um terreno e agora ta esse estúdio aqui. Mas, aliás, esse estúdio num era aqui não (risos), era aqui em frente à Igreja Redonda (localizada no bairro Parquelândia), sempre foi por aqui. Em uma casa em frente à igreja Redonda, que a gente morava, na Jovita Feitosa e esse estúdio é aqui. Então eram aí os primeiros ensaios.

“Eu chegava do colégio e começava a mexer. E comecei a desvendar as primeiras notas da Asa Branca (música de Luiz Gonzaga)”

Mávio– E aquela história que você tinha medo do seu pai (Seu Eurides), e ai?

Waldonys– Pois é, a criação aqui foi muito dura. Eu levei uma surra boa (risos). E assim, sabe, eu não tô aqui fazendo alusão e nem defendendo isso, porque assim, eu adoro meu pai, amo demais, respeito, então a criação hoje é diferente e tal. Hoje que num pode dar uma chulipa no menino que é crime. E a criação da gente, que graças a Deus, que meus irmãos e eu nós sempre tivemos um norte muito bem certo, e com essa criação muito dura assim, eu, logicamente, que o medo vinha total, de que ele me pegar tocando com a sanfona dele, que era preservada.

Ao nos receber Waldonys demonstrou simpatia, bom humor e disponibilidade.

Mávio– Era aquela sanfona (apontando para a sanfona do chão)?

Na parede do estúdio, uma lembrança dos primeiros passos.

Foto: Jefferson

Waldonys– Não, não, não é. Ele é extremamente zeloso, chato de zeloso. E aí eu comecei a pegar escondida a sanfona quando ele ia trabalhar. Eu chegava do colégio e começava a mexer. E comecei a desvendar as primeiras notas da Asa Branca (música de Luiz Gonzaga). E aí, poucos dias depois, ele (Seu Eurides) chegou mais cedo e me pegou tocando na sanfona, eu tomei um susto porque vi ele por trás e aí ele me deu apoio. Ficou assustado e impressionado, porque eu tava mexendo na sanfona dele e por estar tirando algumas notinhas e tal. E antes disso eu toquei no grupo dele com agogô, triângulo, zabumba, alguns instrumentos de percussão.

Jefferson- Engraçado, eu achei que, com a música, por exemplo o conservatório pede a você que estude um pouco mais, que você exija de você. Eu achei que você fosse levar isso para os estudos.

Waldonys- Pois é, mas num foi (risos), no conservatório foi.

Mávio– porque logo em seguida você foi para o conservatório.

Waldonys– Isso, eu fui para o Conservatório Professor (Alberto) Nepomuceno. Mas aí eu tava estudando o que eu queria, era música. É, eu deitava e rolava. Sabe o que acontece, eu vou explicar. No conservatório tem muita gente, tem muito menino que tá ali porque o pai colocou. Ah meu filho, você vai ser músico, e coloca lá. E eu e mais um, dois ou três a gente tinha certa facilidade para pegar as coisas. E eu me sentia muito freado, porque eu aprendia as coisas bem rapidinho e tinha que ficar esperando o professor passar a matéria uma semana, porque tinha um cara que num tava nem aí para música, que o pai botou, era para ter botado no balé ou coisa parecida. Então, a gente ficava ali. Aí eu saí do conservatório e peguei um professor particular. E aí doutor, o negócio pegou, porque o professor acelera e você vai. Ai pronto, eu estudei no Conservatório Professor Nepomuceno.

Mávio- E ai, com o professor particular, se eu não me engano foi o Solonópoles que você falou né?

Waldonys- Não, o Solonópoles (nome em homenagem ao município do sertão central do Ceará) antes do conservatório. O professor de teoria musical foi o Tarcisio Lima. Ele manja muito, ele é daqui do Ceará, daqui de Fortaleza. Aí ele entende muito de teoria. O Solonópoles, ele ouvia, sabia muito, mas não tocava. Tocava (enfático), peças que ele me ensinava, ele sabia ensinar, mas não tinha técnica para tocar. Aí ele adorava, porque ele me ensinava e eu tocava. Vixe Maria! E isso daqui, ele tirava bem devagarzinho, uma peça de Beethoven, eu sempre, sempre quis partir para esse lado erudito. Porque eu queria diferenciar o forró. Ah, tocar só forró. Aí eu não, eu queria tocar a quinta sinfonia de Beethoven (compositor alemão), eu queria aprender Bach (compositor alemão), eu queria aprender essas coisas. Ai eu comecei a estudar isso. Isso que me ajudou demais quando eu cheguei lá fora. Pô, os caras viam e diziam: esse cara é musico, não toca só casamento da raposa não.

“Eles me detonavam, eu era um extraterrestre. Porque um menino tocando sanfona. “

Yara- Waldonys, na sua adolescência tinha mais o movimento do rock, a Aline (sua irmã) até comentou com a gente que os teus primos eram muito influenciados pelo rock. Como foi esse teu diferencial, porque um menino que gostava de forró, logo nessa época que era o auge do rock? Conta um pouco dessa história.

Waldonys- Era, era, era o seguinte. Eles me detonavam, eu era um extraterrestre. Porque um menino tocando sanfona. Aí nas festas do colégio, aí sim, as pessoas me chamavam. Mas assim, não era normal, por isso que tem a história do Seu Luiz Gonzaga, sobre extinção do forró. Porque era brega! Que é isso! Você vai tocar forró, sanfona! Por isso que eu fui mais por esse lado erudito e me espelhando muito do Oswaldinho (do Acordeon), que é um grande instrumentista daqui, que hoje não toca porque está com um problema de saúde. Mas assim, o cara era um monstro, eu via aquele cara no palco, tocando com Pepeu Gomes (compositor), com o Robertinho de Recife (grande guitarrista brasileiro). O cara era (celular dele toca)… era um roqueiro na sanfona. Eu quero ser esse cara aí. Aí, os meus primos e todo mundo, o pessoal do colégio dizia: xiii esse cara num tá com nada. Vai tocar guitarra, Paralamas do Sucesso, ou qualquer coisa.

Mávio– Me diz uma coisa. Daí você foi pro conservatório. Você conheceu seu Luiz Gonzaga antes de se aperfeiçoar, adquirir mais técnica, quando foi o encontro e como é que foi esse encontro com Luiz Gonzaga?

Foto: Danilo Patrício

Waldonys- Eu já tocava sanfona, mas não era essa (aponta para uma sanfona). Assim, Seu Luiz (Gonzaga) me conheceu por conta do Dominguinho. Ele teve a informação por Dominguinhos, que me conheceu em Mossoró (a 285 quilômetros de Natal-RN), mas só me conheceu como gente, mas como músico ele veio me conhecer aqui em Fortaleza, tocando e tal. Aí passou para Seu Luiz Gonzaga: olha tem um menino, lá em Fortaleza e tal, tá tocando show, bem adiantado. Ai seu Luiz veio em uma passagem aqui em Fortaleza, veio aqui em casa. Aí foi quando eu toquei para ele. Aí pouco tempo depois ele veio de novo e eu ganhei a sanfona. Daqui a pouco eu vou mostrar a vocês. Tá na outra sala ali (aponta).

Yara- Não é aquela ali não né? (aponta para outra sanfona que está em um pedestal)

Waldonys– Não (bem expressivo). Daqui a pouco você vai ver. (risos) Aí eu ganhei a sanfona dele, em 1996, tá autografada no fole, vão ver a letra rabiscada.

Yara– Quando foi que você percebeu que o negocio ficou mais serio, que você estava deixando de ser uma “criança” para ser um artista.

Waldonys– Com 15 anos. Com essa idade eu já estava viajando. Poxa eu queria estar em casa, com meus pais. Meus irmãos só indo para o colégio e tal. É porque também você começa a encarar as responsabilidades. Porque é uma coisa seria. Então é isso, é palco. E vai, vai, vai é ótimo maravilhoso, mas aí tem uma hora que você quer dá uma travada. E ai pronto. Aí muito cedo eu ia para programas de televisão com Luiz Gonzaga. Nós estamos resgatando tudo, a mãe tem tudo.

Marcamos a entrevista à noite, no estúdio de Waldonys, na casa dos pais dele. Na calçada da mansão tem notas musicais e sanfonas feito de pedras.

Jefferson– Você falou de música erudita, falou também sobre o colégio Júlia Jorge. Eu lembrei que lá tem o maestro Claudio Carvalho. Se você conheceu e se tem alguma relação de tocar ou tinha? O colégio dava oportunidade para quem queria tocar?

Waldonys– O Julia Jorge? Com certeza. Eu nunca tive a oportunidade de fazer um trabalho com ele (o maestro), mas o colégio tinha a banda do colégio. Muito legal. Só que nesse momento da minha vida eu já tava mais… Sabe, eu não estava me envolvendo com os músicos de lá. Eu já tava mais com Dominguinhos, Seu Luiz Gonzaga, nessa fase.

Yara– A Dona Joana (mãe de Waldonys) nos falou, quando conversamos com ela, que você era um menino de sorte, ela falou menino. E assim, naquela época não era tão difícil você ter contato com os grandes artistas, porque você disse que teve contato com Dominguinhos e pensava que ia ser difícil, mas não verdade não foi muito. Você acha que hoje é mais difícil esse contato, para as pessoas que estão começando?

Waldonys– Rapaz, hoje estamos em outros tempos. Para o cara começar hoje ele vai ter dificuldade, porque você tem sempre um sonho né, seja de montar uma banda ou ser artista, ser famoso. Mas até tu provar para todo mundo, até tu conseguir juntar um público teu, fiel, isso leva tanto tempo, que vocês não têm ideia. O sonho quando vai virando realidade, fica mais difícil de ser encarado. Todo processo que envolve o meio não é fácil, tem um negócio violento por trás. Dá a impressão que quando estamos no nosso meio é sempre muito pior. É uma coisa tão melindrosa, tão chata porque você tá mexendo muito com o ego das pessoas. Quando aparece um ali, está aparecendo artista em quantidade. Eu tive acompanhando o projeto do Grande Encontro. Foi muita confusão. E olhe que grandessíssimos artistas, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo. E aí os caras ficavam danados: porque quem é que vai começar, quem é que vai ficar no meio? Porque é o melhor. O tempo para cada um? Ai entrava Alceu, cantando Morena tropicana eu cara o teu sabor e repetia quatro, cinco vezes e o pessoal lá no camarim: pô o cara repetindo várias vezes. Aí começava a confusão. Não, é porque esse público está ai por causa de mim e tal. Então eu estou só citando isso. Imagina hoje a pessoa que está começando. No tempo do seu Luiz Gonzaga não era fácil, mas não era tão difícil. Mas assim a coisa era mais artística.

“Para o cara começar hoje ele vai ter dificuldade, porque você tem sempre um sonho”

Jefferson– Em que momento da sua carreira você parou e disse: não, eu quero seguir isso, a música vai ser gravada dessa forma e não daquela forma. Quando foi que você bateu o pé no chão.

Waldonys– Em todos os momentos. Em todo momento eu tenho um zelo muito grande com isso daí, e de uma forma muito jeitosa, eu não bato o pé no chão, eu escorrego (com um olhar de esperto). Eu não posso chegar para um cara e dizer não, eu levo na boa. Cara, legal, legal, mas vamos ver isso aqui. O primeiro Cd que eu gravei, quer dizer eu gravei dois Lps, mas o primeiro Cd foi pela Som Zoom (Sat). A Somzoomsat foi a responsável pelo bum (enfático) da historia do forró todinho. Que foi a história do Mastruz com Leite, a primeira grande banda que estourou em Fortaleza, Mel com Terra, Balaio de Gato, olha os nomes. Tinha até Quixinim, Chibata Preta. Eu dizia Emanuel (Gurgel- dono da rede de emissora Som Zoom Sat), o que é isso ai? Não, (com voz imitando o Emanuel) deixa isso aí. O povo quer merda, merda eles vão ter (indignado). Eu dizia: não, isso não, o povo não quer isso não. Ai eu gravei o Cd com ele, ele que bancou. Só que ai foi confuso, porque para eu gravar com eles, (fazendo gestos tocando bateria) ele queria que eu dissesse: é o forró do Waldonys, ai eu disse que não queria, meu caminho é outro. A banda fica aqui (posição do estúdio), cadê o repertório, vamos ver. Essa música não tem nada a ver comigo. Então eu fui depois para a (gravadora) Continental. E foi indo. Então eu estou sempre vidrado nisso aí. E assim, hoje o que é que eu bolo para o repertório: é pouco coisa inédita e muita coisa que tem a ver com a minha história. Do Zé Ramalho, do Geraldinho (Azevedo), eu canto Paralamas do Sucesso, alguns bairristas do forró tradicional falam pô, você é afilhado do Luiz Gonzaga e tocando Paralamas do Sucesso (indignado). Aí eu digo: não cara, eu não estou tocando Paralamas do Sucesso, eu estou tocando música e do jeito que eu endereço a música ela cria uma identidade, Eu pego o “Meu Erro” e coloco com sanfona, vira chote isso mesmo um chote. Você identifica a música com você e tem a ver com a minha história. Porque a minha adolescência eu ouvia muito Paralamas. MTV, quando eu tava trabalhando com a Marisa (Monte), eu toquei com Paralamas.

Está guardada no acervo da família, a sanfona que Seu Luiz Gonzaga deu para Waldonys.

Lyla- Pegando o gancho, você sofreu muita influência de Dominguinhos, Luiz Gonzaga, mas quando você começou, esbarrou com alguém por inveja ou por não dar oportunidade para novos artistas, que não queriam te ajudar. Alguma coisa assim?

Waldonys- Sempre tem né. Mas esse tipo de gente age muito por trás. É o velho” tapinha nas costas”. Ai você tira de letra. Porque existe um outro lado da moeda também. Quando você vem com padrinhos como Luiz Gonzaga e Dominguinhos facilita e dificulta. Porque que dificulta? Porque tudo que você conseguir, aonde você conseguir chegar ainda vai ter alguém falando assim, mas também. Não é porque você tem talento, é porque você é afilhado ou porque é filho de num sei quem. O Dominguinhos tem uma filha que está cantando, começando. Dominguinhos, ele é macaco velho na estrada. Digo: Ela canta bem, mas é a sua filha. Ela vai fazer um programa de televisão, vão dizer, mas também o paizinho colocando. Então assim é complicado. A não ser a Preto Gil (filha de Gilberto Gil), que saiu rasgando logo (brinca).

Dias antes da entrevista com Waldonys fomos à casa dos pais dele, para conversar com a Aline (irmã) e com Dona Joana Darc (mãe). Elas nos mostraram o Cd de final de ano Só para amigos.

Yara – Waldonys, quando você viajou pela primeira vez para o exterior, você sofreu algum preconceito por ser brasileiro e nordestino lá? Porque tem muito disso, né?

Waldonys – Rapaz, por incrível que pareça isso acontece e rola muito mais por aqui. Sabe, quando chega em São Paulo e tal. Tem uns grupos lá que são meio…Mas eu tiro de letra. Quando eu entrei no grupo da Marisa Monte. Tudo cariocas e tal, não sei o quê, beleza? (imitando um carioca) Aí eu cheguei, né? Do jeito..desse jeito que a gente fala, mas pra eles é estranho. (Yara ri). E eles riam cara. Eles achavam: “massa”! Eles achavam engraçado. Cara, pô Waldonys e tal…” E eu fui caindo na graça deles. Sabe como é, aquele que vai se fazendo de besta e vai…(risos) ganhando todo mundo. E aí pronto…foi assim que eu me tornei muito amigo e muito querido da equipe toda. E o que é que aconteceu: A Marisa (Monte) começou a abrir muito pra mim, sabe? E isso também foi uma “arte” danada. Porque você imagina que tava o filho do Moraes Moreira, tava o Dadi Carvalho ( baixista famoso que participou de diversas bandas) que era da “Cor do som” (Banda surgida em 1977, com som inovador). Então era só a nata da nata carioca e tal. E por que a Marisa tá dando crédito pra esse cara aí? Aí eu tinha que..

Waldonys mostrou com muito entusiasmo os certificados de órgão da aviação. 

Mávio – Ter jogo de cintura…

Waldonys – Total cara… a maioria… Tiveram alguns shows aqui no Brasil que ela saia do palco e me deixava. Oh, agora eu vou tomar uma aguazinha aqui e o Waldonys vai… lembra (Marisa falando) Ai eu: pá. Levantava a bola e eu chutava. E os caras me acompanhando pô… Eu disse cara isso vai ficar complicado. Tem uma hora que esses caras vão dizer ‘peraí. Por que isso daí? Nós estamos sendo pagos pra acompanhar a Marisa. Tá entendendo a história do ego que eu te disse? (reportando-se a Yara). E aí você tem que ter um jogo de cintura e fui ficando, fui ficando. Beleza. Agora, no universo particular das pessoas ao meu redor. Ela aqui em Fortaleza. Aí fizemos Fortaleza, João Pessoa. Eu sem ser músico (contratado), já com gratidão a ela. Eu ia fazendo participação especial. O que era maravilhoso pra mim. Por que aí, poxa..bom demais.

Yara – Só pegando assim essa deixa aí, eu vi uma entrevista do Fagner e ele disse uma vez que a Elis Regina pode-se dizer, é a madrinha dele, que ela ajudou muito na carreira. A Marisa Monte pode-se dizer isso também ou…

Waldonys – Não tenha dúvida. Não tenha dúvida. Eu devo muito a ela. Sou muito grato. Tenho uma gratidão muito grande por ela. Nós nos demos muito bem. Viajando, foi ficando e foi indo, foi indo. Um negócio fantástico.

Yara – Dizem que a tua voz é parecida com a do Fagner. Como é que tu vê isso?

Waldonys – Pois é… (risos)

Yara – Ele te influencia? Como é que ele, que…

Waldonys –(interrompe) É, eu toquei com ele. Toquei muito tempo com ele e aí isso…Essa história do canto eu puxei muito por ele mesmo. Ouvia muito Fagner. Aí de um tempo pra cá eu comecei a tirar um pouco a história do carimbo, por que você copia e depois cria a sua identidade, né? E é muito melhor você copiar o bom do que inventar o ruim.

Jefferson – Sobre a questão do canto? Você inicialmente apenas tocava né?

Waldonys – Isso, comecei como músico.

Jefferson – Então, foi Fagner ou também Fagner que incentivou, deu esse incentivo pra cantar?

Waldonys – Foi não, foi Luis Gonzaga. Foi Luís Gonzaga, que, visionário como era, vislumbrando já a história da música instrumental, que não tem o seu espaço merecido, pegou e disse,disse com essas palavras: ‘É bom você começar a cantar, porque se não você vai morrer de fome’.

“Foi Luís Gonzaga, que, visionário como era,vislumbrando já a história da música instrumental”

qualquer lugar do documento.”

Lyla – Mas aí você tinha essa vontade de começar a cantar ou não? Foi só porque ele deu a ideia e você aproveitou o gancho…

Waldonys – Não, eu não tinha porque como eu comecei muito cedo eu tava no falo fino, falo grosso, num sei o quê e dá uma voz diferente(risos).

Lyla – E a questão de adaptar a maneira de cantar? Porque você fala que foi aprendendo a cantar no estúdio, né? Ouvindo a sua voz, ouvindo demo?

Waldonys – Tu tava lá também é? (pelo conhecimento dos entrevistados) (Mais risos)

Lyla – Não, é a pesquisa (ainda rindo).

Waldonys – É, é isso mesmo. Assim, eu fiz impostação de voz. Estudei com uns professores aqui, mas eu vou te dizer, não desmerecendo todos os professores, o que me ajudou muito foi o estúdio, foi o computador. No apartamento eu tenho um estúdio, que eu fico fazendo… É um laboratoriozinho, tem um teclado lá. Eu toco muito pouco piano, mas dá pro gasto. E aí isso me ajudou muito. Porque eu comecei a ver com uma fonoaudióloga também o meu ouvido, onde é que a minha voz se encaixa melhor. É, a extensão da sua voz. Às vezes você tá querendo chegar naquele artista e sua voz vai ficar… Num é aquilo. Sua área de atuação é essa. Então, tipo assim, às vezes você não alcança tantas oitavas. Não sei se vocês estão entendendo o que eu tô querendo dizer. Você tem uma extensão de voz muito grande, mas você sabendo aproveitar a sua voz ‘da onde’ você tem a extensão, maravilha.

Lyla – Trabalhar a sua voz.

Waldonys – Trabalhar a sua voz. Porque vocês já devem ter ouvido isso ou ter pensado isso. Tem gente que diz assim: ‘A voz dessa cantora, desse cantor é tão macia. Mas voz você não pega, então, como é que é macia? Entendeu? Então é exatamente você colocar sua voz naquele lugar que vai entrar no ouvido das pessoas como macia. ‘Não, eu vou querer cantar alto, querer atingir um tom lá em cima’. Vai ficar estranho, vai ficar… Então, isso eu fui me ouvindo e gravando as mesmas músicas em vários tons diferentes e vendo ‘poxa esse grave aqui, o meu grave soa mais bonito aqui. Então nesse tom a minha área de abrangência vai ficar melhor até aqui. Isso foi o que me ajudou muito. E em casa porque vai gravando e vai ouvindo. Você vai se ouvindo, né? É interessante porque eu to falando aqui e vocês também, mas depois a gente se ouvir é estranho.

Jefferson – O seu repertório: “Quem não dança, dança”( 1º CD,1993), ‘Aprendi com o rei’( 4º CD/2001) e outros dos seus álbuns, se percebe que é um repertório rebuscado. Não é qualquer coisa não. (risos) Então, assim, qual o processo que você faz de selecionar? ‘Não, vai ser essa aqui. Vou gravar essa, essa aqui é bacana.’ Qual o processo que você usa?

Foto: Jefferson

Waldonys – Cara, eu recebo muitas, muitas, muitas músicas. Então hoje, o que é que acontece? Nós temos muito compositores e muita música que você também tem que ter muito cuidado porque os compositores querem te enganar. Enganar em que sentido? Essa música é um plágio. Às vezes você tá ouvindo uma música e você gosta da música. Por quê? Porque seu ouvido já tá acostumado com aquela melodia, certo? Já tá acostumado com aquela melodia. Aí você começa a gostar e a música fica vendável. Fica agradável aos ouvidos e aí você muda só uma letra e diz ‘Rapaz, essa música é legal’. Então, isso é que tem que ter cuidado. Quem me ensinou isso foi o Dominguinhos. Às vezes eu ouvia algumas músicas e dizia ‘rapaz, que música massa’. Dominguinhos dizia: escuta aqui. Rapaz, o bicho é um ouvido de tuberculoso danado. Bom, sabe? Quando ele ouvia, ele dizia ‘Você não tá reconhecendo essa música não?’ Aí eu dizia ‘O que foi’ ‘O cara tá roubando’ Eu dizia: ‘como assim cara?’ ‘É’ . Eu vou te mostrar aqui uma linha melódica aqui que é invocada. É uma melodia, é…(pega sanfona ao lado para mostrar tocando) Peraí. Deixa eu só me lembrar…(risos). (começa a tocar) “Coração, para quê se apaixonou Por alguém que nunca te amou Alguém que nunca vai te amar Eu vou fazer promessa Para nunca mais amar Alguém que só quis me ver sofrer Alguém que só quis me ver chorar…” (Tocando os mesmo acordes, mas mudando a letra) “Bem que eu me lembro da gente sentado ali No Woman no Cry, (né Bob Marley)No Woman No Cry” (voltando para a primeira música) “Coração .. ‘a mesma coisa’… para quê se apaixonou por alguém que nunca te amou…” E aí se tu for ver ainda tem outra, que ele fala: (começa a tocar novamente) “Falamansa faz milagre acontecer…(risos) Êê, pra surdo ouvir, pra cego ver que esse xote faz…” É a mesma coisa…mesma coisa cara.

Jefferson – Roupa diferente. (Waldonys balançando a cabeça)

Waldonys – Aí então eu vou fazer: (simulando)‘Eu to gostando dessa menina que num sei o quê..que vem de lá e num sei o quê…’ Mas, pô, eu ‘tô’ roubando. Aí tu sai..’cara eu fiz uma melodia..’ Eu não faço isso. Não, de jeito nenhum. Por isso que eu faço mais música, entendeu? E eu tenho maior cuidado nisso. Então é diferente de letras que não falam de…porque letra..É o seguinte: pra você emplacar uma música é legal você falar de amor, certo? Por que? Porque é a área de abrangência maior. Quem não tem uma história de amor? Então uma música pra estourar, é mais fácil se for com uma história de amor. Uma música com um cunho mais social e tal,num sei o quê. Vai se difícil estourar. Porque o povo, a maioria quer saber… Aí tu vê uma letra dessa daqui..é… ”Não sou profeta nem tão pouco visionário Mas o diário desse mundo ta na cara Um viajante na boléia do destino Sou mais um fio da tesoura e da navalha Levando a vida tiro verso da cartola Chora viola nesse mundo sem amor Desigualdade rima com hipocrisia Não tem verso nem poesia que console tanta dor A natureza na fumaça se mistura Morre a criatura e o planeta sente a dor O desespero no olhar de uma criança A humanidade fecha os olhos pra não ver Televisão de fantasia e violência Aumenta o crime e cresce a fome no poder Boi com sede bebe lama Barriga seca não dá sono Eu não sou dono do mundo, Mas tenho culpa porque sou filho do dono” (musica Filho do Dono – Zezinho Barros) O cara escrever, cara, é um negócio… Tem vez que eu toco e eu mesmo ainda me arrepio. Por que e uma letra..e a música. Entendeu? Então, assim, nós temos grandes compositores e que não tão tendo vez. Então, por que eu não gravar essas músicas? Por que eu vou forçar uma barra, fazer uma música aqui pra dizer ‘não, é minha’. Não, eu num penso por esse lado. Diga uma música da Elba Ramalho? Num tem. Ela é intérprete. Agora, sabe interpretar e sabe escolher um repertório muito bem. Num tem nenhuma música. É o que eu tô dizendo. Nós temos grandes compositores. Então isso ai é um, resumindo a resposta, um trabalho muito difícil, que eu pego as músicas e vou ouvindo e vendo como é que é, o que se encaixa melhor comigo. Porque tem que se encaixar. Por que tem música bonita e tal, mas num casa com a pessoal entendeu? Aí é complicado.

Mávio – E dentro desse processo a gente descobriu que você também compõe, né? Que você compõe, mas parece que o rapaz é meio tímido (gargalhadas de Waldonys)

Waldonys – É. E autocrítico. É mas assim… é mas assim..é..desse jeito. (Risos)

Mávio – Por que ele não coloca essas músicas pra gente conhecer, uma coragem..

Waldonys – Eu gravo, de vez em quando eu gravo. Eu gravei agora…

Mávio – A mais bela?

Waldonys – Não. Eu gravei num CD que é um álbum especial. Não foi lançado assim pra todo mundo. É um assim só pra amigos. E tem uma música chamada hipocrisia, e essa música é nova. Só que essa música eu sempre gostei muito. Num é que eu sempre gostei muito, é que eu sempre fui muito questionador no quesito religião. Apesar de vir de uma família muito católica e ser católico, mas eu sempre fui muito questionador. E às vezes algumas beatas, muito bitoladas da minha família, tias. Eu entrava nas discussões e todo mundo, meus irmãos, todo mundo: ‘ amém.amém.amém’ e eu não né. Eu rebatia e rebatia, mas por quê? ‘Por que isso? Prove’ Daqui há pouco elas ficavam ‘puta’ comigo. Só faltavam dizer que eu era do Diabo. (risos)Aí pronto, como eu sempre fui muito contestador nessa história eu dizia pra elas no final ‘olhe, num é isso. Nós só ‘tamo’ conversando cara. Num é que eu seja do outro lado. Nós só ‘tamo’ conversando. Tem a música do Padre Zezinho. Que eu adoro Padre Zezinho, adoro Padre Zezinho, que diz o seguinte: Eu sei que da verdade não sou dono. Eu sei que não sei tudo sobre Deus. Às vezes quem duvida e faz pergunta. É muito mais honesto do que eu. Eu disse: ‘ rapaz, o cara tá dizendo tudo. E o Padre Zezinho tem letra. As músicas dele têm letra, conteúdo. E você vai, não desmerecendo e não querendo aqui ser venenoso e falar dos outros, mas você vai com outros padres por aí, que inclusive eu já tive a oportunidade de tocar junto, mas os caras é padre ‘bonitim’, é ‘Yes’ e tal. Eu fui um evento aqui cara no (Ginásio) Paulo Sarasate, o padre fez assim: Yes (Falando alto e levantando o braço, vibrando) no palco. Aí eu disse ‘ Eu vou embora’. Aí a Luciana( Esposa de Waldonys) ‘Não, num sei o quê’ ‘Qué isso! Isso é um sacerdote rapaz. Mas então, resumindo: Aí eu fiz a música ‘Hipocrisia’. Assim… peraí…(com a sanfona em mãos começa a cantar e tocar) “Tem tanta gente pregando o que não vive Ensinando e não seguindo Exigindo o que não faz Falam de amor praticando a discórdia Oh meu Deus misericórdia. É Hipocrisia demais Tem muita gente que prega a caridade Cheio na verdade de egoísmo e ambição A sua boca só fala em humildade Mas o orgulho e a vaidade estão lá no coração Ai meu Deus, estão brincando com a palavra do Senhor Ai meu Deus, me perdoe se estou sendo acusador Ai meu Deus, estão brincando com a palavra do Senhor Ai meu Deus, me perdoe se estou sendo acusador ” É Hipocrisia.

“Eu gravei num CD que é um álbum especial. Não foi lançado assim pra todo mundo. É um assim só pra amigos”

Yara – Tem interesse em gravar um disco religioso ou só de tom mais reflexivo?

Waldonys – Não. Pensei nisso, mas aí eu fui ver que em cada disco meu, em cada trabalho meu, de uma forma ou de outra tá sempre embutida ali uma mensagem. Tem sempre. Em todos tem. Tem um que tem(tocando): “ Aonde meu amigo que a gente vai parar Até parece que vai se acabar o mundo A luta dos sem-terra Ajuda teu irmão nem que seja com pouco Que o pouco com Deus é muito E o muito sem Deus é nada” (Final dos Tempos) Sempre tem. Tem aquela que eu cantei nesse instante: ”Não sou profeta nem tão pouco visionário…” Filho do Dono Tem dez poemas. Vixe rapaz, é massa. Essa música tem uma letra fortíssima. É a mais nova. A mais nova que gravei que é linda. A letra é massa.Diz o seguinte: “Pra cada lágrima triste que chorei…” Conhece? “…giram dez poemas diferentes Ao Pai agradeço a estrada que passei Passei e se Ele quiser vou novamente Pois quem acredita em Deus não tem medo da escuridão Aprende que quem faz o mal só merece o perdão Perdão que é o perfume da flor O abraço contra a solidão Sorriso no rosto e a vontade estampada nas mãos Pra cada mentira que um daí suportei Em mim uma verdade falava docemente Que o bem não estava nas sobras que eu dei O pobre é aquele que ajuda indiferente Pergunte pro seu coração Se deu pensando em receber Se a gente pode ser feliz vendo o outro sofrer Pergunte pro seu coração se foi certo o passo que deu Porque se a gente melhorar vence você e eu O amor é bênção que vem de Deus Há quem diga que é só meu O amor é de quem quiser O amor é a chave de uma paixão Que sempre tem solução Pra tudo que a gente quer” Dez poemas diferentes. E eu achei massa quando o cara disse: O bem não estava nas sobras que eu dei. Pronto. Vendeu. Já vendeu o negócio. “Quem faz o mau só merece o perdão. É um negócio fortíssimo. É uma oração. E aí eu não penso em gravar por isso (um disco religioso). Porque todo CD… E outra: Pode ficar muito apelativo.

Jefferson-Você falou dessa questão social, religiosa. Toda música tem uma mensagem. Qual seria a mensagem dessa como a “Prece para um homem sem Deus”? Qual é a mensagem da música do Waldonys?

Waldonys – Exatamente, eu gravei “Prece para um homem sem Deus” (clipe gravado pela We produções), “Final dos Tempos”, poxa gravei várias. É uma forma de dar uma chacoalhada, na “Prece para um homem sem Deus” mesmo tem a parte tanta gente com a reza na boca e o ódio no peito, o cristão fazendo mal feito com a bíblia na mão. Quer dizer não, adianta você andar com a bíblia aqui e o coração cheio de ódio, fazendo o mal. É pra que as pessoas escutem e, sabe. Você vê um cara que cantou o diabo é o pai do rock, Raul Seixas, o bicho é meio doido mas é super interessante (risos). Mais que gravou DDI (discagem direta interestelar), é uma musica que pouca gente conhece, eu adoro Raul Seixas. E nessa música ele diz o seguinte. Ele se coloca como Deus no sentido figurado e Deus dá uma lapada na gente: Alô, aqui é do céu, quem tá na linha é Deus, tô vendo tudo esquisito que há de errado com vocês? Eu fiz vocês imagem e semelhança e vocês anarquizando a minha reputação. Não adianta só terço e oração. Eu quero é ver vocês em ação. Tem gente que acha que é só num sei que, eu quero é ver vocês em ação (ênfase). Aí tem um trecho “…e se alguém ligar dizendo que sou eu, pode ser o diabo que já desceu.”

“Não, adianta você andar com a bíblia aqui e o coração cheio de ódio, fazendo o mal.”

Mávio– E por falar em repertorio, agora recentemente você lançou uma música em homenagem a Fortaleza, que mostra um pouco dessa sua paixão pela cidade e da escolha de viver e morar aqui, de repente ir pra outro estado, que te desse mais oportunidade. Fala um pouco pra gente sobre isso?

Waldonys – É o seguinte a historia de Fortaleza, a musica, é… eu gravei e é “A mais bela”. E tiveram algumas pessoas, alguns críticos idiotas que ainda disseram assim “aí um sei que, porque tá falando da Fortaleza bela. Num tem nada a ver, não é jingle político. O nome da musica é “A mais bela”. Eu não tenho culpa se a prefeita botou Fortaleza Bela, e tal e num sei que. Eu gravei (começa a tocar na sanfona a musica). Aqui portal da beleza a minha riqueza é viver aqui o melhor lugar do mundo, de um verde mar profundo onde o sol vem iluminar. Fortaleza é de todas a mais bela. Não é Fortaleza Bela. Aí pronto. Eu viajei muito. Fique um tempo em São Paulo, morei nos Estados Unidos, mas eu, diferentemente do Dominguinhos sou alucinado e gosto demais de avião e gosto demais de Fortaleza. Então deu um casamento perfeito. Porque o avião me leva a todo lugar rapidinho e eu não preciso, como antigamente, você tinha que morar no eixo Rio-São Paulo, São Paulo era um mal necessário. Você tinha que tá lá pra acontecer. E hoje, cara, com o advento da internet, das televisões estarem mais abertas. Há pouco tempo nos tínhamos uma televisão aqui que gerava pro Brasil todinho, que eu chegava lá no interior da Bahia e o cara: te vi na TV Diário. E eu dizia: “puxa, a televisão é forte”. Até que incomodou a (Rede) Globo que, mandou fechar, fechar assim né, cortou as pernas dela. E aí pronto. Assim, eu viajo. Quantas vezes eu já fiz assim, de sair de manhã pro Rio, com a Marisa mesmo, cheguei lá 11 horas da manha almocei, gravei e 8 horas da noite lá vinha voltando, quer dizer, vim dormir em casa. E então eu acho que isso facilita muito e eu não penso em sair. Fico, viajo, faço temporadas, mas sair de Fortaleza me agrada não (voz introspectiva e baixa).

Mávio – E essa paixão pela aviação. A gente acabou descobrindo que desde pequeno você já demonstrava que essa paixão ia tomar outros caminhos. A sua irmã falou que você colecionava revistas de aviação, mas fala pra gente também um pouco do outro lado, dos riscos da aventura dessa paixão?

Waldonys – É no inicio não teve nenhum apoio da família.

Mávio– Pela sua mãe você não voava?

Waldonys– Não. De jeito nenhum! (risos). Ela não gosta e ainda hoje, eu vou fazer alguma demonstração, alguma matéria ou vou voar mesmo porque quero, se ela souber ela fica doidinha, ela não gosta não. E aí pronto, eu colecionava revista de aviação e sempre sonhava em um dia pilotar uns aviões. Só que tava muito distante. Primeiro porque eu não tinha o apoio, e segundo porque eu não tinha condições pra chegar e pegar num avião, de dinheiro de tudo, tinha ajuda de ninguém. Aí pronto, quando eu comecei, como Seu Luiz, fui viajando e achava massa a parte que era ir de avião, entendeu? Eu achava massa tocar e tudo, mas a viagem de avião? Cara, pra tu ter uma ideia quando o voo tinha mais escala eu adorava, porque tinha o pouso e a decolagem. Os cara: tem 3 escalas, e eu beleza. Tu é doido cara, ir direto, chegar logo, que nada. Eu sempre gostei muito. Eu não sei de onde veio, isso aí é uma explicação meio difícil de dar. E quando eu tava tocando com a Marisa, um pouco antes até eu comecei a frequentar o Aeroclube. Fui frequentando o Aeroclube e tentando, e goteirando lá, e tentando um vôo. Hoje, você chega lá no Aeroclube e algum amigo chama pra voar, só que na época que o Aeroclube era aqui na Aerolândia, os caras eram chatos pra caramba sabe. Tinha uns velhos lá e os caras não chamavam. Era difícil. Vem, vem não, vem na outra semana. E eu ia, às vezes fazia um voozinho. E aquele dia que eu voava era fantástico, dizia: até o sapato hoje andou de avião (risos). Então eu fui indo e muitas vezes excluído, jogado, né falavam, ih lá vem o mala. Fui indo e conseguir fazer um curso num ultraleve de pano básico, bem fraquinho. Fiz o curso, fui aprimorando, juntando dinheiro comprei um ultraleve de pano e caí. Caí pertinho da rodoviária, e eu tava com o instrutor. O motor parou e depois que eu fui descobrir que esse ultraleve lá no Aeroclube era conhecido como três em um, porque tinha caído três, eles só tiraram os pedaços, soldaram e … (mais risos). Ai quando ele parou o motor eu disse: Puta merda, agora a gente tá lascado. Em cima da cidade se tivesse um lugarzinho a gente até pousava num procedimento de emergência, mas em cima da cidade cara é sem chance. Morrer tão novo, mas tudo bem. O instrutor procurando um lugar, mas não tinha, só prédios, Telemar (empresa de telefonia) a rodoviária, e eu digo: pow vamos pelo menos pra rodoviária que agente morre em um lugar conhecido. Ai, a Avenida Borges de melo. Eu não sei onde ele viu um campo de futebol, mirou, bateu lá e quebrou o bicho (ultraleve) todinho. Tive só um corte no nariz, mas qualquer pancadinha sangra o nariz né?! A mãe começou daí (Dona Joana) tá vendo que isso não tem futuro, isso não presta. Mas eu nunca desistir. Deixei esfriar um pouquinho a família e comecei a ir de novo. Fui num ultraleve mas avançado, fiz o curso e caí na estrada estruturante, indo pra Itapipoca (Norte do Ceará). Tive um problema também, mas tudo tem explicação sabe. Um era três em um, que já expliquei, e o outro, que eu tava indo pra Itapipoca eu tinha pedido a um cara pra mexer um dia antes, tipo agora a noite porque eu vou viajar amanha de manhã. O cara mexeu e mexendo no estofado de banco, só que ele mexeu em uma mangueira lá, que derramou água no radiador, não toda, mas um bucado e botou lá no lugar de novo e não repôs a água. Eu também cheguei e não chequei e decolei. O cara que tava voando comigo tava voando a primeira vez e o cara “legal né bonito o visual” e eu olhando com ele e de vez em quando olhava o painel, de vez em quando você olha o painel, quando vi o ponteiro da temperatura (gestual de ponteiro subindo) “não é possível”. Olhava pro outro lado: deve ser porque tô olhando pra ele, olhei de novo e o cara quanto tempo Waldonys pra chegar lá? Ora agente ainda tava aqui depois de Caucaia. Eu disse, rapaz eu acho que vai demorar pra gente chegar lá (risos). Nos estamos com um problema, olha esse ponteiro aqui a temperatura ta no vermelho. Esse motor vai parar e eu vou logo reduzir porque não quero bater o motor e nos vamos ter que pousar forçado na estrada. A estruturante que vai pra Taiba (praia) eu mirei e é ali, vinha pouco carro. Eu reduzi o motor e desci em um aspiral, ai aparece uma Pampa e o cara vinha no sentido contrario, Aí eu pensei que ia dar porque ele acelera, e eu… Só que quando ele viu o avião ele diminuiu. E eu não tinha mais motor pra… ai eu disse vai bater, vai bater no teto dele. Passou lambendo, consegui pousar. Não arranhou nada. E o cara quieto do meu lado: rapaz eu pensei que tu tava brincando. Não tava não. E o cara: agora eu vou morrer. Porque? porque tenho diabete e to com hipoglicemia eu disse: pois pode morrer porque nós não vamos achar bombom, não vamos achar açúcar nem a pau aqui. Aí lá vem o cara da Pompa tremendo todinho você é doido? Eu disse: ora doido, tu tava aqui no chão e eu que vinha lá de cima. Essa foi mais uma e depois teve outra, ih caramba que a mãe nem soube. Outro foi que eu ia pra Taiba também e cai ali na Barra do Cauipe. Saiu no jornal, maior confusão do mundo. O motor apagou também, só que esse foi um incidente. .

“Cai ali na Barra do Cauipe. Saiu no jornal, maior confusão do mundo”

Yara – E a gravação do clipe com a esquadrilha da fumaça foi ideia sua?

Waldonys – Foi total! (risos). A mãe, a família não sabia. Eu comecei a amizade com eles. Eles vinham pra cá fazer o show e eu tava a disposição. Jantar aqui em casa. E me chegando, me chegando.Fui a São Paulo, fiz um voo com eles, comecei a voar com eles. Antes de me tornar membro da esquadrilha da fumaça eu era instrutor. Aí eu disse: rapaz eu tenho uma música que eu gravei, fiz uma roupagem nova, olha aqui (canta: voar, voar, subir, subir). Mostrei o áudio, mas disse eu só lanço essa musica. Cara, é meu sonho um videoclipe com vocês e quando eles viram disse porra Waldonys, que massa, show de bola, só que a esquadrilha não é nossa, a esquadrilha é da Força Aérea nós somos um esquadrão da Força Aérea. Então nós não mandamos na gente, tem que vir lá de cima, a ordem tem que vim do “papa”, lá do pessoal de Brasília, auto escalão. Aí eu disse e aí, como é que eu chego lá? E eles: cara teu argumento tem que ser bom, porque tu vai botar sete aviões, combustível um sei que pra gravar um clipe e os brigadeirões lá. E tu tem que provar isso porque tem que ser autorizado por todos eles, não só por um, por todos eles. Porque fora isso é uma atividade de muito risco, de alto risco, e pode acontecer acidente. Tu imagina um acidente contigo dentro, que é um civil, sanfoneiro e tal, e o Ministério Público bate em cima, imprensa, que quê esse cara tava fazendo ai? Então, eles não querem botar o deles na reta, todos tem que assinar. Pra tu ter uma idéia teve que ter a assinatura do Lula (presidente do pais na época) porque o presidente é o Chefe das Forças Armadas. Mas conseguimos, eles (esquadrilha) tavam todos empenhados. Eles são fantásticos, por isso é uma amizade muito forte. Eles vibraram igual a mim quando disse Waldonys tá autorizado. Diga o dia e pode vir. Nós estamos autorizados a voar contigo, fazer e acontecer. Eu disse: não acredito! Contratei o pessoal, não avisei nada, coloquei a sanfona com o cdzinho debaixo do braço e levei a equipe todinha daqui. Peguei outra equipe de São Paulo. Descemos lá, alugamos duas vans, se metemos na estrada e foi massa, uma aventura massa. Fomos bater em Pirassurumba,sede da Academia da Força Aérea. Tudo certo, chegamos lá: começa a gravar o making off, e tá no making off do clipe, eu sentando na sala dos pilotos explicando pra eles qual era a minha idéia. Como a parte do auto coração, eu disse: olha é nessa hora aqui eu quero um splite, é uma manobra que o avião sobe e forma um coração (explica em gestos). Aí eu disse Pedro agora é contigo faz as entre linhas aí, o inicio meio e fim, eu te disse que é que eu quero, me encante. Aí vamos voar. Tome gravação e fazendo as manobras. E foi mais de uma semana tocando e voando, tocando e voando, repete a manobra que o céu não tava muito não sei o que, o foco. Sabe uns cara que voa numa boa, por prazer, em nenhum momento fizeram cara feia. Eles são tarados por voar, igual a mim.

Mávio– Me diz uma coisa, com essa paixão toda e essa amizade com o Dominguinhos como você nunca convenceu ele de voar contigo?

Waldonys– (gargalhada) Cara, é muito difícil. Ele não tem medo, ele tem pavor (de voar). É um negócio fora de sério. Ele passou agora por um problema serio de saúde. Mas ele já está melhor graças a Deus. Só que ta muito difícil do Dominguinho vim aqui de carro. Pela condição que ele tá. E ele adora aqui, mas ele vai ter que vir, mas eu não acredito que ele venha de carro. Porque encarar Bahia. Ele vai ter que encarar avião, ou então cara, nós não vamos mais ver o Dominguinhos aqui não. Só por televisão.

Lyla– Pegando esse gancho sobre saúde, gostaria de perguntar: a sanfona é pesada né, e o Luiz Gonzaga teve problemas de saúde. Quais são as medidas que você toma, se você cuida da sua saúde. Já está sentindo alguns sintomas?

Waldonys– Sinto, eu sempre sinto. No São João então, o bicho pega. Agora eu estou, nos últimos três meses estou cuidando um pouquinho em praticar atividade física, porque eu não fazia nada. E eu vou completar 40 anos, e só jogava porrinha. Aí eu conversei com a médica, a Telminha, que é cardiologista, e disse a ela que não fumo, não bebo, mas sou sedentário de pai e mãe. Ela só não me botou no caixão, porque não tinha um pronto. Ela disse: você já tem 17% de chance de ter um infarto e num sei o que… Ela me indicou um personal (trainer), uma academia, eu até tô me achando um pouco musculoso (gargalhadas). Mas, respondendo a tua pergunta, a coluna sente e sofre. Cara não tem jeito, você vai ter problemas e eu sou acompanhado por um dos melhores médicos daqui, que é o doutor Macio Paraíba, esse cara é o papa. Ele é muito bom. Ele disse que hérnia de disco todo mundo vai ter, mas que cirurgia e o ultimo caso.

Yara– Mudando aqui de assunto, Waldonys, você tem a preocupação igual ao Luiz Gonzaga de perpetuar o forró. Você tem vontade de passar para os teus filhos.

Mávio– Nós ficamos sabendo que eles tocam.

Waldonys– Tem o Leonardo, de 14 anos, que toca vilão, mas nem pega mais. O Lucianinho, o mais novo, ele estava aprendendo a tocar sanfoninha e tal. Agora a Lívia, é metida a cantora. A Lívia, ela é muito voltada para a arte. Ela gosta de atuar faz balé, quer ser a primeira, é líder de sala. Ela já contou em palco, já foi pra programa. Vixi, se ela tivesse aqui ela tava pertinho do gravador (risos). Ela é uma artista.

Yara– Mas você incentiva?

Waldonys– Incentivo, mas não pulo fases. Não sou aqueles pais malas. Vou ao teatro quando tem os festivais de balé dela. Yara- Sobre os incentivos do Governo, porque se tem vários projetos, o “Férias no Ceará” é um deles. Tu pode falar um pouco sobre isso? Waldonys- Eu acho o seguinte, que o “Férias no Ceará”. Porque foi que tu tocou nisso?

Yara- Vimos reportagens você falando nisso.

Waldonys– Foi aquilo que eu disse, na verdade na verdade, realidade seja dita. O Cid (Gomes), ele não é um cara que gosta muito de valorizar o forró, eu acho que ele não gosta de forró, a verdade é isso. E acho que ele pode está com a visão distorcida do forró. Porque às vezes a pessoa encara o forró de outra forma. Às vezes eu chego e digo: cara eu toco forró, aí falam logo, qual é a banda. Porque só tem banda. Não cara, eu sou artista, num toco em banda não. Então assim, para as pessoas forró é isso e não é. Não existe forró pé de serra, não existe forró autentico. Forró é forró. Eu acho o que estão batizando como forró não é forró. E respondendo a pergunta. Os caras bolam um projeto, “Férias no Ceará”. Aí trazem Skank, Paralamas do Sucesso, Titãs, Biquíni (Cavadão), que eu não tenho nada contra, são inclusive meus amigos alguns deles, mas junto a isso, poderiam fazer um festival forrópop rock e tal, e colocar gente daqui também. Porque acho legal que valoriza. Porque os turistas vêm para cá, eles querem ver a cultura daqui. Um Chico Pessoa, sei lá.

Na despedida no portão da casa, Waldonys presenteou a equipe e o professor com um Cd e DVD.

Yara- No aniversário mesmo de Fortaleza chamam a Daniela Mercury. Como é que você viu isso? Waldonys– Cara, isso ai já entra para a política. Eu já fiz o réveillon daqui, e foi o mesmo (repercussão), carnaval, dinheiro, edital. Dizem que foi 200 mil reais e tal e tal. Agora, trouxeram o Caetano (Veloso) só voz e violão e teve superfaturamento lá em cima. Então, é muito chato você chegar detonando os outros sem ter provas concretas, no meu caso eu posso falar, porque eu toquei e sei o que saiu na televisão. Waldonys, Dominguinhos e Elba Ramalho, num sei quantos mil. Êpa, cadê o resto do meu dinheiro (risos). Então é complicado porque eles não estão preocupados com isso. Veja a gestora ( Prefeita Luizianne Lins) é o artista que ela gosta, mas show não é para ela, então leva ele para casa (em tom irônico).

Jefferson- Você disse em entrevista ao jornal O Povo, que se os gestores não estão dando de conta do recado, você tem que trocar mesmo. Qual é a sua visão da gestão de Fortaleza? E aproveitando, você já foi convidado por algum partido a se filiar?

Waldonys– Já, pelo PSDB, que apesar da amizade, e que tenho uma ligação com o Tasso (Jereissati), porque a ligação. Não é porque sou tarssista, como muita gente bateu. Até porque eu trabalhei para a prefeita (Luizianne Lins- PT). O Tasso me pegou e me levou para Nova Iorque, para tocar na formatura da Joana, filha dele. Ele (perguntou): quer levar mais alguém? ai eu levei o Manassés, para fazer violão. Ai chegou aqui, eu fiz a campanha do Lucio (Alcântara), Fagner fez também e ganhava. Aí eles me chamaram: Waldonys, borá de filiar ao PSDB. Ai eu disse: (educadamente) não, me deixa quieto. A outra pergunta, não tem como falar nada né. A cidade está entregue às baratas. Não tem como dizer que é culpa dos secretários, então estão colocando gente incompetente. A cidade chega faz pena. Eu canto que a Fortaleza é mais bela, mas tá complicado.

Mávio– Na nossa pesquisa, a gente acabou descobrindo uma coisa, que muita gente não conhece. Seu lado mágico.

Yara– Tem outro lado também, a fama de namorador (risos).

Waldonys– Eu? (gargalhada)

Yara– Isso foi a Aline que nos falou.

Waldonys– Foi ela que disse isso?

Mávio– Nós acabamos descobrindo, que você era um rapaz muito romântico, e que você acabava conquistando todas as garotas e ia logo noivando. Waldonys- (gargalhada) E que eu tinha uma coleção de aliança. Era uma porrada! (envergonhado). Pois é né… Vamos começar pela mágica. A mágica, é o seguinte. O meu avô gostava muito de disso (mágica). Ele era lá do Pecém. Ele gostava muito de fazer mágica nos aniversários. Era o show de mágicas do Vovô. Então, eu acho que eu herdei isso dele. Porque meu pai não faz. Eu comecei a ver e comecei a me encantar, pelo ilusionismo. Mas assim, eu brinco de mágica com os meninos. Eu gosto mais de mágica de salão.

“Eu brinco de mágica com os meninos. Eu gosto mais de mágica de salão.”

No final da entrevista, Waldonys mostrou a casa onde passou a infância, pontuando as mudanças que ocorreu ao longo dos anos. 

Lyla– Você já pensou em colocar essa mágica em algum show?

Waldonys– É uma boa. É uma dica, uma boa dica. E acho que no próximo DVD né. Colocar alguma coisa. Porque tem a ver. Porque tem a ver comigo.

Yara– Falando em teatro. Porque você escolheu o Teatro José de Alencar para ser o palco do seu DVD?

Waldonys- O teatro José de Alencar é a maior casa de cultura do estado do Ceará. Então porque gravar no teatro? As pessoas iriam ficar sentadas. Pow, mas forró. No teatro. Muito estranho né. Mas eu pensei o seguinte. Pense comigo, o forró que eu faço, é outro tipo de forró. È um forró mais cultural. Vem dessa escola Gonzaguiana e toda a minha historia. Eu tenho um lado músico, instrumentista. Eu gosto de montar um bicho de sete cabeças, como aquele arranjo, que eu mostrei. Eu posso botar uma quinta sinfonia de Beethoven. E as pessoas sentadas fica um coisa mais formal. Porque, eles estão ali para te ver, e não para beber, dançar, paquerar ou namorar. Então, eu pensei teatro, com a música que eu faço será o palco de 20 anos de carreira.

Mávio– Então, Waldonys nós queremos agradecer mais uma vez pela disponibilidade, a conversa foi muita. E dizer que estamos à disposição. Obrigado.

Expediente:

Pesquisa- Yara Barreto, Mávio Braga, Jerfferson Oliveira, Lyla Lima Produção- Yara Barreto, Mávio Braga, Jerfferson Oliveira, Lyla Lima

Pré-entrevista– Yara Barreto, Mávio Braga Captação- Yara Barreto, Mávio Braga, Jerfferson Oliveira, Lyla Lima

Transcrição– Yara Barreto, Jerfferson Oliveira, Lyla Lima

Edição- Yara Barreto, Mávio Braga, Jerfferson Oliveira